O idoso caiu de uma altura de cerca de sete metros após se desequilibrar no alto da escada rolante, em 12 de janeiro
A investigação da Polícia Civil de Pernambuco sobre a morte do idoso Manoel Francisco dos Santos Filho, de 75 anos, que caiu de uma escada rolante da Estação Central do Metrô do Recife, em 12 de janeiro, pode indicar que o caso foi um homicídio culposo — quando não há intenção de matar.
O idoso caiu de uma altura de cerca de sete metros após se desequilibrar no alto da escada rolante. O carrinho de um vendedor ambulante que também subia a escada ficou preso num degrau, o que travou o equipamento e causou tumulto no local. No meio do empurra-empurra, o idoso tentou se apoiar numa estrutura na lateral da escada e caiu no chão.
"É possível que exista o crime de homicídio culposo por negligência, quando você deixa de cumprir com alguma determinada obrigação e isso cause o acidente. A pena vai de um a três anos de detenção, que pode ser agravada se ainda tem a inobservância de alguma norma técnica de profissão ou ofício. Então, o inquérito vai seguir essa linha de um eventual homicídio culposo", disse o delegado, em entrevista exibida pelo Fantástico, da TV Globo, na noite de domingo (28).
O delegado afirmou ainda que ouviu o ambulante que empurrava o carrinho que travou a escada. De acordo com Igor Leite, ele afirmou que tentou subir pelo elevador com o carrinho, mas o equipamento estava interditado.
"Por conta disso, ele foi pela escada rolante, disse que não recebeu nenhuma advertência, não tinha nenhum segurança no local. Disse que não recebeu nenhuma proibição verbal para subir com aquele equipamento dele. [...] Ele negou ter visto os avisos e disse que não foi informado, mas foi feita análise do local. Existe um aviso, uma placa é que sinaliza que você não pode utilizar nenhum tipo de carrinho naquela escada rolante", completou Igor Leite.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado pouco depois das 16h, no dia do acidente, mas já encontrou o homem morto no local.
O que diz a CBTU
Por meio de notas, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) se posicionou sobre o caso. A companhia afirma realizar campanhas preventivas de orientação de forma periódica, bem como alerta sobre o uso de seguro dos componentes das estações. Leia a íntegra:
A CBTU Recife informa que realiza, periodicamente, campanhas preventivas de orientação e alerta, através de meios físicos e digitais, sobre o uso seguro de instalações e equipamentos do sistema tais como plataformas, trens, estações, elevadores e escadas rolantes. A companhia informa ainda que, através do setor de segurança ferroviária, realiza, regularmente, ações de prevenção e repressão ao comércio informal nos trens e estações, mas, diante da extensão de um sistema com quase 40 estações, mesmo com apoio da Polícia Militar o quadro de funcionários torna-se insuficiente para impedir por completo essa prática que se agrava, em muito, devido aos hábitos de consumo da população que estimula o comércio informal ao comprar dentro dos trens e estações, o que é proibido por lei"
Em relação à segurança e à família do idoso, a CBTU afirmou:
A CBTU informa que todas as medidas de primeiros socorros foram feitas com máxima agilidade, o SAMU foi acionado de imediato, porém quando constatado o óbito do Sr. Manoel, foram acionados os órgãos competentes.
A PM esteve o tempo dando suporte e a polícia civil chegou no local fazendo a perícia. Todas as imagens foram encaminhadas para delegacia que está investigando o caso.
Lamentamos o ocorrido e reforçamos que, atos inseguros e mau uso de equipamentos podem ocasionar acidentes. A CBTU informa também que são realizadas campanhas educativas e que todos os equipamentos possuem sinalização de uso e normas operacionais.
Mantemos nosso compromisso de transportar pessoas com segurança, e orientamos que sejam respeitadas todas as sinalizações.
Quanto a família da vítima, estamos aguardando o relatório final da polícia para manifestação jurídica.
A CBTU também afirmou que todas as imagens de câmeras de segurança disponíveis foram entregues à polícia.